quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Não é só ensinar a ler...

Pegando um gancho com a última postagem na qual tratei do 1º Salão do Jornalista Escritor, vou discutir com vocês um tema que ainda cerca nosso país que é o analfabetismo funcional.

Baseado na leitura de alguns textos e artigos podemos definir um analfabeto funcional como aquele indivíduo que tem a capacidade de ler e escrever mas não possui a habilidade de compreender os significados de textos escritos e de relacioná-los com sua realidade social.

Em artigo publicado no site Reescrevendo a Educação, a doutora em Educação pela PUC-SP, Vera Masagão Ribeiro afirma que: “ (...) além da preocupação com o analfabetismo, problema que ainda persiste nos países mais pobres e também no Brasil, emerge a preocupação com o alfabetismo, ou seja, com as capacidades e usos efetivos da leitura e escrita nas diferentes esferas da vida social”.

Para melhor avaliar as habilidades de leitura e escrita da população foi criado o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional, o Inaf. O projeto data de 2001 e foi idealizado e concretizado por duas instituições não-governamentais, o Instituto Paulo Montenegro e a Ação Educativa. O objetivo do Indicador é segundo Vera Masagão Ribeiro: “(...) gerar informações que ajudem a dimensionar e compreender o fenômeno, fomentem o debate público sobre ele e orientem a formulação de políticas educacionais e propostas pedagógicas”.

Acesse e leia o artigo de Vera Masagão Ribeiro na íntegra:
http://www.reescrevendoaeducacao.com.br/2006/pages.php?recid=28

Desde sua criação o Indicador avalia pessoas entre 15 e 64 anos com
testes sobre sua capacidade de interpretação e seu acesso à educação, leitura e meios de informação como a Internet.

Os resultados do 5º Inaf realizados em 2005 mostram que 25% da população brasileira domina a leitura e a escrita. No mesmo estudo os piores resultados se apresentaram na população que compõe as classes C, D e E.

Mais detalhes da pesquisa realizada em 2005: (http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u17785.shtml)

As classes sociais mais atingidas demonstradas na pesquisa têm sérios
problemas com a falta de boas escolas públicas, um ensino planejado e também, com a falta de recursos.

Muitas escolas mantêm suas bibliotecas trancadas e sem o auxílio de profissionais para a organização das mesmas dessa forma, deixando muitos leitores sedentos por livros do lado de fora das bibliotecas.

Matéria sobre o acesso nas bibliotecas:
(http://www.abrelivros.org.br/abrelivros/texto.asp?id=2512)

Um dos muitos problemas levantados sobre o tema é o fato de muitas pessoas alfabetizadas, que concluíram até a 4ª série, não terem motivação pela leitura ou busca de informações.

A motivação deve ser gerada nas escolas e também em casa, mas, sabemos que na maioria das vezes não é o que acontece, os alunos são obrigados a ler livros que não gostam e muitas vezes em casa esse costume não é empregado por vários motivos como a falta de instrução dos pais.

Muitos jovens têm condições de adquirir informações ou ler livros, mas pela simples falta de gosto, não buscam a interação com o mundo das letras e por isso, têm muita dificuldade de interpretar textos e também de redigir textos.

Comento isso por experiência, na minha atual profissão, lecionando Inglês, tento apresentar para meus poucos alunos a magia da imaginação gerada pela leitura mas a maioria simplesmente afirma que é muito chato ler livros e que o legal é usar a Internet apenas como uma grande sala de bate-papo.

Cada dia mais novos escritores surgem, novos livros são publicados para todos os gostos e idades, cada vez mais se dá valor as pessoas bem informadas, mas, acima de tudo, o nosso governo não é capaz de pensar e por em prática medidas que proporcionem mais acesso aos livros principalmente para as crianças e adolescentes.

Talvez um dia toda aquela produção de livros, histórias, reportagens e vontade de mudar que pude presenciar no 1º Salão do Jornalista Escritor, possam chegar na casa e entrar na vida da maioria da população.

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